segunda-feira, dezembro 18, 2006

O tempo não passa, pelo menos para quem deseja que ele voe. Nada senão a inexorável vontade de desaparecer enquanto tudo parece estar entrando no seu lugar. O canto matutino dos pássaros à sombra da janela traz de volta a vida, renovando as energias e mostrando que nem tudo está perdido pois, enquanto houver vida há luta e, enquanto houver música, a dança não pode parar, por mais lenta que seja.

Correr desesperadamente rumo ao nada parece justo quando não se almeja nada além de uns quebrados no bolso para, ao fim da tarde, sentar num banco de botequim e degustar com amargor uma dose de qualquer coisa que for colocada no copo.

A candura das crianças a brincar no parquinho da escola enquanto o sinal não toca refresca a memória e traz à tona sentimentos há muito esquecidos. Alegria, paz, compaixão. Revivê-los é somente possível através de flash-backs e fotos amareladas esquecidas numa gaveta do ciado mudo, que só são encontradas quando não estão sendo procuradas, mas que oportunamente aparecem e nos aliviam a angústia e o pesar.

Os olhos sequer têm vontade de permanecer abertos. Talvez por causa do cansaço físico, talvez pelo esgotamento da energia e vontade de ver as coisas darem certo. O certo é que, quanto mais escuro, mais o incerto se aproxima e enfraquece qualquer chance de fazer sentir novamente o calor e a luz das belas coisas que um dia irradiaram aquilo que chamamos de vida feliz.